O Oídio do Trigo merece nossa atenção!

06/05/2022 - Atualizado há 2 anos


Será que teremos condições para a ocorrência do Oídio nesta safra? Quais as características desta doença que tem ocorrido de maneira frequente nos últimos anos? Seus danos na diminuição da produtividade são significativos?

A previsão climática indica a condição de La Niña durante o trimestre de ABRIL-MAIO-JUNHO/2022 (http://sma.fundacaoabc.org/previsao_climatica), com fenômeno de fraca a moderada intensidade, cenário desfavorável para as chuvas na região do Grupo ABC com aumento da possibilidade dos acumulados mensais de precipitação ficarem abaixo da média climatológica entre os meses de Abril e Junho/2022. Olhando para os dados históricos da Fundação ABC, estas são as condições favoráveis a rápida evolução do Oídio nas lavouras de trigo.

Vamos conhecer um pouco mais a respeito desta doença que atinge muitos cultivares de trigo que são semeados em nossa região.

O Oídio de trigo, causado pelo fungo Blumeria graminis f. sp. tritici, historicamente é a primeira e uma das principais doenças foliares a acometer o cereal, sua identificação a nível campo se dá pela ocorrência e formação de uma massa pulverulenta na superfície da folha e caule, de coloração branca (Figura 1). O desenvolvimento do Oídio é favorecido por condições de temperatura do ar amena (entre 15 e 22°C) ausência de orvalho, sendo disseminado facilmente pelo vento, durante períodos sem precipitação. É uma doença explosiva com ciclo bastante rápido, entre 5 e 25 dias, dependendo da temperatura do ar (AMORIM et al., 2016). A atenção deve ser reborada em condições de pouca chuva, pois o tempo mais seco favorece o desenvolvimento do Oídio nas lavouras de trigo.

Oídio é uma doença endêmica disseminada em todas as regiões do Grupo ABC, reconhecida como um sério problema dentro do manejo fitossanitário do trigo. O fungo reduz a oferta de fotossíntese nas folhas, aumenta o consumo de água pelos tecidos atacados, sua ação é irreversível, o tecido lesionado morre e por consequência reduz a produtividade.

Os componentes do rendimento mais afetados pelo Oídio são: número de espigas por área, número de grãos por espigas e tamanho dos grãos. A infecção durante as fases de perfilhamento, alongamento do caule e emborrachamento tem influência negativa em produtividade, principalmente quando ocorre de forma severa e precoce, resultando em menor número de espigas por área, comprometendo o rendimento de grãos (MARCIEL J. STADNIK; MARTA C. RIVERA, 2001).

A medida preferencial para o controle do Oídio é o uso de cultivares resistentes. No entanto, a resistência tem sido “quebrada” por novas raças da doença, produzidas numa frequência muito alta. Há também um tipo de resistência à doença, chamado de Resistência de Planta Adulta (RPA), que retarda a infecção, crescimento e a reprodução do Oídio em plantas adultas, mas não em plantas jovens. É também conhecido como Oídio lento ou resistência parcial (COSTAMILAN et al., 2017). Essa resistência também dura pouco tempo, apenas alguns anos, devido às constantes mutações do fungo que originam raças novas.

Um exemplo disso é a rápida evolução do Oídio em um cultivar altamente suscetível, apresentado na Figura 2, ficando evidente a partir do estádio fenológico de elongação do trigo, com condições favoráveis ao desenvolvimento da doença, a taxa de infeção cresce de forma exponencial, a não aplicação do fungicida foliar faz com que a doença tenha severidade elevada comprometendo todo o manejo, e por consequência redução em produtividade. Por outro lado, nas mesmas condições, cultivares moderadamente resistente ao Oídio, tem a curva de progresso significativamente menor.

O perfil sanitário dos genótipos de trigo está sendo estudado de forma multidisciplinar pelos setores de Fitopatologia e Fitotecnia da Fundação ABC, que vem avaliando as principais doenças do cereal. Fruto desta parceria, podemos conhecer a taxa de evolução das doenças (em especial o Oídio – Figura 2 e momento da aplicação – Figura 4), contribuindo com o manejo dos fungicidas testados e recomendados pelo setor de Fitopatologia.

As perdas em produtividade dependem da suscetibilidade da cultivar e das condições para o desenvolvimento do Oídio, que variam de 8 a 19% (Figura 3). Recomenda-se a aplicação dos fungicidas para o controle do Oídio do trigo, quando observados os primeiros sintomas da doença no campo, fim de obter sucesso no manejo e por consequência minimizar os danos ocasionados pela doença.

 

Senio Prestes
Giovanni Kochinski
Giovana Bochnia
Fitopatologia

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