Seletividade de herbicidas na cevada

17/05/2022 - Atualizado há 2 anos


A cultura da cevada projeta expansão de área semeada devido a instalação de uma unidade da maltaria na região dos Campos Gerais. O Estado do Paraná se destaca como maior produtor nacional de cevada (70,2%) e produtividade média de 3.812 kg.ha-1. Para a safra 2022 é estimada a produção de 4,27 milhões de toneladas de cevada no país (CONAB, 2022).

Por ser um cereal de ampla adaptabilidade ecológica, a cevada pode ser utilizada como matéria prima na indústria cervejeira, devido a superioridade do malte, e na alimentação animal como forragem e fabricação de ração. O controle adequado de plantas daninhas interfere na qualidade da forragem assim como dos grãos para produção do malte. Na região de atuação do grupo ABC as principais plantas daninhas presentes na lavoura de cevada são azevém, aveias e nabo, além das plantas voluntárias de soja e feijão, sendo o controle realizado com o uso de herbicidas na dessecação para semeadura, na pré ou pós-emergência da cultura.

Atualmente os produtos registrados para a cevada são o pyroxasulfone (Yamato) e trifluralina (Trifluralina Nortox Gold), aplicados em pré-emergência com foco no controle de azevém, e metsulfuron (Ally) aplicado na pós-emergência para controle de espécies de folha-larga (SEAB, 2022). Entre as espécies de folha-larga, o controle de feijão voluntário pode ser realizado com metsulfuron (Ally) e para as plantas de soja voluntária esse herbicida é uma opção desde que não sejam plantas voluntárias provenientes de genótipos de soja com tolerância aos herbicidas inibidores da ALS do grupo dos sulfoniluréias (chamadas de cultivares STS).  Quanto ao controle de nabo, o metsulfuron também é eficaz, seletivo e apresenta registro para a cevada, porém devido a ampla utilização de herbicidas inibidores da ALS (como Hussar, Tricea ou Ally) para controle dessa planta daninha no trigo, houve pressão de seleção, favorecendo a ocorrência de biótipos resistentes aos inibidores de ALS. Então, em lavouras com a presença de nabo resistente a inibidores da ALS, assim como de plantas voluntárias de soja identificadas como cultivares STS, é necessária a utilização de herbicidas com outros mecanismos de ação e até o momento não temos herbicidas registrados. Entre os herbicidas que apresentam eficácia sobre o nabo na cultura do trigo estão os mimetizadores de auxina (Aminol) ou inibidores da PROTOX (Heat ou Aurora), para os mimetizadores de auxina sua aplicação depende do estádio de desenvolvimento da cevada e para os inibidores da PROTOX podem ser observados sintomas acentuados de fitotoxicidade. A utilização de herbicidas fora da modalidade de uso pode resultar em fitotoxicidade sobre a cultura (Figura 1) e/ou reduzir o potencial produtivo da lavoura.

Entre as espécies de folha-estreita, o azevém se destaca como daninha na cultura da cevada, sendo necessário seu controle mesmo quando poucas plantas estão presentes. Assim como para o nabo, o uso de herbicida inibidores do ALS no manejo de azevém na cultura do trigo favoreceu a seleção de biótipos resistentes. Somado a isso, o herbicida glyphosate era amplamente utilizado na dessecação pré-semeadura e hoje é comum a frequência de plantas de azevém com resistência a esse herbicida. Nesse cenário, os graminicidas passaram a ser uma opção, porém também existem biótipos de azevém resistentes e a cevada é menos tolerante a maioria desses herbicidas quando comparado com o trigo, sendo inclusive observada diferença de seletividade em função do genótipo de cevada. Portanto, a cultura não possui graminicidas com registro para aplicação na pós-emergência.

Devido a importância da cultura na região sul do país, mesmo diante da escassez de produtos com registro para a cevada, novas opções devem ser pesquisadas para um controle eficaz e seguro. A informação se torna uma ferramenta essencial para o manejo de plantas daninhas na cevada e o setor de Herbologia trabalha junto as empresas parceiras, buscando o registro de produtos para a cultura, assim como instalando projetos de pesquisa para auxiliar nas melhores estratégias de controle de plantas daninhas na cevada.

Eliana Fernandes Borsato
Luis Henrique Penckowski
William Kuff da Silva
Herbologia

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