APÓS 3 ANOS CONSECUTIVOS DE LA NIÑA, TEMOS O RETORNO DO EL NIÑO

MAS QUAL SERÁ A SUA INTENSIDADE?

21/08/2023 - Atualizado há 11 meses


Conceitualmente, para que haja um El Niño na sua forma clássica ou canônica e com efeitos globais, é necessário o registro de anomalias positivas no Pacífico Equatorial por um período mínimo de três meses consecutivos. Neste cenário, são observados o acoplamento entre as condições oceânicas e atmosféricas, a alteração no padrão de circulação dos ventos e consecutivamente mudanças nos padrões de precipitação acumulada e temperatura média do ar em várias regiões do planeta.

Diante destas características, os principais centros mundiais de pesquisa e monitoramento em meteorologia e oceanografia destacaram na última semana o status de alerta de EL NIÑO. Tal situação é justificada pela evolução das condições oceânico-atmosféricas associada aos resultados dos principais modelos dinâmicos e estatísticos de previsão climática. A título de curiosidade, nesta última semana foram registrados valores médios de anomalia de temperatura da superfície do mar da ordem de 0,6°C, 0,9°C, 1,2°C e 2,7°C acima da média histórica, nas regiões do Niño 4, Niño 3.4, Niño 3 e Niño 1+2 respectivamente.

Mas o que isso significa? Uma boa forma de entender a intensidade de um evento e seus principais impactos é através de comparações e referências. Assim, os principais meios de comunicação têm associado a situação oceano-atmosférica atual versus 2015, onde registrou-se até então o evento de El Niño com maior intensidade dos últimos 74 anos. Contudo, quando comparamos as informações atuais de monitoramento das condições oceânicas sobre o Pacífico versus o mesmo período de 2015, percebemos
algumas diferenças importantes [Figura 2].

Adicionalmente aos fatores contrastantes e aos pontos de atenção descritos na Figura 2, destacamos ainda que estas tendências observadas podem ser consideradas “inéditas” dentro da série de observações oceânico-atmosféricas referente ao fenômeno ENOS, que por sua vez podem gerar incertezas por parte dos dinâmicos e estatísticos de previsão climática.

Talvez esse possa ser um dos motivos pelos quais as simulações atualizadas em junho demonstrem certa divergência na predição da magnitude do El Niño previsto para 2023 [Tabela 1]. Ao analisarmos os valores trimestrais previstos, observa-se que alguns modelos climáticos estão indicando a possibilidade de um evento muito forte [anomalias superiores a 2ºC], enquanto outros indicam a intensidade forte [anomalias superiores a 1,5ºC], outros moderada [acima de 1ºC] e até mesmo a não configuração do El Niño em 2023.

Porém, sabemos que cada modelo climático possui a sua limitação física e numérica, e pensando nisso, faz-se necessário uma análise geral tomando como base a média dos 25 modelos climáticos associada ao conhecimento do pesquisador, conhecida como análise de consenso [Tabela 1]. Os resultados divulgados no último boletim da previsão climática sazonal da Fundação ABC (atualizado em 27/06/2023), indicou um El Niño de intensidade forte durante o segundo semestre de 2023.

MODELOS DE PREVISÃO CLIMÁTICA: QUAIS AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS PARA A PRÓXIMA SAFRA?

 

Os efeitos típicos do El Niño sobre a região Sul do país estão associados principalmente ao aumento do volume e distribuição das chuvas, aumento do período com saturação de vapor de água na atmosfera, aumento das temperaturas mínimas e redução da radiação solar incidente em superfície, principalmente durante os meses de primavera e verão, em boa parte da região dos Campos Gerais e Norte Pioneiro do Paraná. Sobre as áreas de nossos cooperados ao Sul de São Paulo boa parte destas tendências ainda são observadas, porém com uma intensidade menor. Em termos gerais, os modelos climáticos projetam para o restante de 2023 um cenário mais frequente e intenso de chuvas para região do Grupo ABC, com destaque para os meses de agosto e novembro [Figura 5].

Já para a região Central do Brasil [GO, DF e TO], o cenário oposto é aguardado, com atraso no início da estação chuvosa, redução dos volumes mensais, veranicos mais frequentes e aumento das temperaturas máximas. Mesmo que a tendência climatológica aponte uma relação fraca ou quase inexistente entre El Niño e o regime pluviométrico, os modelos de previsão climática demonstram exatamente este cenário desfavorável para a produção de grãos em sistemas de produção mais intensificados, com a safra normal e safrinha [Figura 6].

Lembrando que para os cooperados ABC, as atualizações são publicadas mensalmente entre os dias 25 e 30 e disponibilizadas no abcBook. Acesse e confira!

AVISO IMPORTANTE: O setor de Agrometeorologia da Fundação ABC evidencia que estes pontos de atenção são baseados em cenários futuros proporcionados pelas previsões climáticas e análise de similaridade. Destacamos a necessidade do acompanhamento das atualizações mensais que são disponibilizadas aos nossos Cooperados e Contribuintes, entre os dias 25 e 30 de cada mês, através do Sistema de Monitoramento Agrometeorológico do Grupo ABC [http://sma.fundacaoabc.org/previsao_climatica].

 

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