Arenas foram o grande destaque do Show Tecnológico Verão

Novo formato de apresentação dos setores de pesquisa foi elogiado por visitantes e expositores e deve ser adotado também na edição de inverno

27/05/2024 - Atualizado há 2 meses


Foi o maior comentário. Não tinha uma conversa durante e após o evento que deixasse escapar um elogio às arenas preparadas pelo time de Pesquisa da Fundação ABC. O novo formato agradou em cheio, não só os visitantes como também os representantes das marcas que estavam presentes nesta edição. O destaque foi para a Arena 2, onde os setores de Solos, Fitotecnia e Economia Rural abriram uma trinchei­ra de 30 metros junto ao ensaio de Plantio Direto que tem 35 anos, e que ainda contou com a presença ilustre de Hans Peeten, que idealizou o ensaio no fim dos anos 80.

Devidamente acomodados em uma arquibancada, os visitantes assisti­ram a uma apresentação feita pelos pesquisadores, junto com Hans, mos­trando os impactos do modelo produti­vo no solo, através de rotações de cul­turas, com informações importantes sobre o manejo do solo. “Não existe nenhum estudo científico deste porte e desta longevidade no mun­do”, disse Hans Peeten.
Segundo Helio Antônio Wood Joris, coordenador do setor de Fitotecnia e Sistemas de Produção e um dos pesquisa dores que apresentou na are­na, a ideia de fazer a trincheira foi bem­ vinda, porém a dúvi­da era de que seria necessário cavar um buraco grande, para mostrar o perfil de todo o ensaio sem danificá-lo, pois os estudos naquele espaço conti­nuariam depois. “Foram mais de 80 metros cúbicos de terra retirados e durante o trabalho de escavação não vou negar que veio a dúvida se todo aquele esforça valeria a pena. Mas quando começamos a ver as raízes aparecendo no perfil, com as diferen­ças de tratamentos bem visíveis, vi­mos que valeu muito a pena todo o esforço dedicado, não só para o visi­tante do show, mas também para nós pesquisadores”, avaliou.
Nas outras duas arenas da fundação, o público também lotou as arquibanca­das, nos horários de apresentação. Na Arena 1, o tema foi “Desafios e concei­tos no manejo de resistências dos fun­gos e plantas daninhas”. William Kuff, pesquisador no setor de Herbologia, explicava que não é o herbicida que provoca a resistência, mas que a varia­bilidade genética natural das plantas possuem resistência ao principio ativo do herbicida e ao se reproduzirem, novas plantas imunes surgem no lugar daquelas que foram extintas.

Na sequência, Edson Giovanni Kochinski, coordenador e pesquisador do setor de Fitopatologia, apontava as preocupações no manejo da ferrugem asiática na soja e sobre a importância de monitorar a favorabilidade da doença no período que antecede o plantio, na intenção de mitigar a pressão durante a safra. Explicava também como é o favorecimento da doença em anos de El Nino e La Nina.

 

 

“Não existe nenhum estudo cientrfico deste porte e desta longevidade no mundo”, disse Hans Peeten, referindo-se ao ensaio de 35 anos de plantio direto, instalado no CDE Ponta Grossa-PR

Neste momento, entrava Rodrigo Yoiti Tsukahara, coordenador e pesquisador do setor de Agrometeorologia, apresentando um trabalho de rainfasteness, feito pela instituição, para verificar o quanto aquela chuva após uma pulverização ‘lava’ o fungicida aplicado e quanto tempo é necessário para que a planta absorva por completo o princípio ativo. Por fim, William e Giovanni retornavam com sugestões de manejo para plantas daninhas e doenças. O último ainda sugeria uma ação mais geral, desde a escolha da época da semeadura, passando pela variedade até a mistura de produtos de forma racional. ‘Não tem nada de milagroso. É questão de manejo e de conhecimento, que é a peça-chave para enfrentar a resistência dos fungos e plantas daninhas aos produtos que temos disponíveis’, disse Giovanni.

Já na Arena 3, o tema central foi o manejo da cigarrinha-do-milho. Os setores de Forragens & Grãos, Entomologia e Mecanização Agrícola e Agricultura de Precisão (MAAP) iniciavam a apresentação contextualizando a importância da cultura do milho dentro do grupo ABC, a produção brasileira e em seguida abordavam sobre a cigarrinha-do-milho, que tem sido a limitação mais preocupante no cultivo, de momento. Explicaram sobre a praga, os danos causados pelos molicutes e vírus, as estratégias de manejo e sobre os trabalhos realizados na fundação quanto a tecnologia de aplicação de inseticidas, assim como a rede de ensaios de genótipos. ‘Entre as diferentes ferramentas de manejo, a tolerância genética ainda é a principal, e por isso, a escolha de um híbrido com maior tolerância aos enfezamentos é muito importante’, enfatizou Elderson Ruthes, coordenador do setor de Entomologia, que dividiu a apresentação com os colegas Evandro Maschietto (Forragens & Grãos) e Fabrício Povh (MAAP).

Edição comemorativa:

A 27ª edição abriu as comemorações dos 40 anos da Fundação ABC, que serão completadas em outubro deste ano. De acordo com a organização, passaram pelo CDE Ponta Grossa cerca de 4.250 pessoas, representando mais de 880 mil hectares.

Em pesquisa feita com 200 entrevistados, esta edição atingiu as melhores notas desde que a avaliação começou a ser adotada. Segundo Sílvio Bona, coordenador de Marketing na fundação, na escala de NPS (Net Prompter Score), o show atingiu 96,15%, dentro da zona de encantamento. ‘Estamos usando esta metodologia internacional para medir a qualidade dos nossos eventos. E a edição de verão sempre ficou dentro desta zona, mas esta foi a porcentagem mais alta que já obtivemos. Um sucesso!’, completou.

Ariel Rickli, agricultor em Ponta Grossa (PR), disse que vem todos os anos para se manter atualizado. ‘Este é um evento que tem muita informação nova e isso me ajuda no dia a dia da minha propriedade’. Marinus Tenis Hagen Filho, produtor em Arapoti (PR), disse que participar deste evento é de suma importância, por conta das novas tecnologias e ferramentas para o manejo. ‘O conhecimento é uma bagagem que vai só acumulando. Ninguém tira de você. Só vai deixando você melhor naquilo que faz’, concluiu.

Avaliação da fundação

No dia seguinte ao evento, Luís Henrique Penckowski, gerente Geral da Fundação ABC, comentou que esta tinha sido uma das melhores edições do Show Tecnológico, com base nos comentários e elogios que recebeu por parte dos produtores e demais visitantes. ‘De início, a ideia das arenas era para ser apenas para este ano, que é uma edição especial por conta dos 40 anos da fundação. Mas tamanho sucesso já coloca este novo formato como definitivo para as próximas edições’, disse.

Para Peter Greidanus, diretor-Presidente da Fundação ABC, o Show Tecnológico Verão é o ponto alto da difusão do conhecimento, realizado pela instituição. ‘Mas é fato que isso ocorre durante o ano todo com centenas de reuniões junto aos técnicos, produtores e parceiros, nas diferentes áreas de atuação. E aqui, no show, ocorre a grande reunião, em que pessoas de diferentes regiões se encontram para trocar experiências e buscar informações atualizadas junto ao nosso time de pesquisa. Só temos que agradecer a todos que vieram nos prestigiar’, encerrou.

 

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