João Lorival dos Santos Baptista conquista a 15ª edição do Concurso de Silagem de Milho da Fundação ABC

Durante o primeiro dia da 8ª edição do Show Tecnológico Inverno, ocorreu a aguardada final da 15ª edição do Concurso de Silagem de Milho, realizada no CDE Ponta Grossa (PR). Com grande expectativa entre os participantes, o grande vencedor foi João Lorival dos Santos Baptista, produtor de Itararé (SP), que agora tem seu nome eternizado no troféu transitório do concurso.

“A expectativa foi grande, não só por mim, mas por toda a nossa equipe, que realizou um excelente trabalho. Estamos sempre buscando melhorar, dia após dia. Escolhemos o híbrido com base nos experimentos e pesquisas da Fundação ABC, e vamos continuar seguindo essa metodologia. Quem sabe, na próxima edição, estaremos no pódio novamente”, comentou o produtor vencedor.

João Lorival dos Santos Baptista recebeu o troféu transitório das mãos do Diretor Presidente da Fundação ABC, Peter Greidanus. A competição, que contou com 269 inscrições das cooperativas Frísia, Castrolanda, Capal e Witmarsum, teve ainda como finalistas Johannes Wolter Strijker, da Castrolanda, em 2º lugar, Reinaldo Jorge Schmidt, da Frísia, em 3º lugar, e Luiz G. Fayzano Neto, da Witmarsum, em 4º lugar.

A cooperativa Capal conquistou o troféu pela terceira vez, ao longo das 15 edições do concurso. A cooperativa Frísia continua liderando em número de premiados, com oito cooperados reconhecidos, enquanto a Castrolanda aparece em segundo lugar, com quatro produtores. Vale destacar que esta foi a primeira participação da cooperativa Witmarsum na competição.

Para garantir sua vaga na grande final do Concurso de Silagem de Milho, o produtor João Lorival dos Santos Baptista conquistou o primeiro lugar na 50ª edição da Expoleite, na etapa Capal. Wellington Roberto Guete, de Itararé (SP), ficou com a segunda colocação, enquanto Marius Cornelis Bronkhorst, de Arapoti (PR), campeão da edição anterior, garantiu o terceiro lugar. O concurso, que também premiou as técnicas da Capal, Franciele Caroline Firmino (Pecuária) e Taíla Teixeira (Lavoura). O concurso é crucial para destacar os avanços tecnológicos dos cooperados, evidenciando o aumento da produção de leite, as melhorias no valor nutritivo das silagens e no processamento dos grãos. Esses avanços resultam em maior eficiência produtiva e justificam a premiação dos produtores que se destacam.

Etapa Castrolanda

Foi durante o Agroleite 2024 que ocorreu a última etapa por cooperativas, do Concurso de Silagem de Milho, promovido pela Fundação ABC. Quem recebeu o troféu pelo produtor castrense, Johannes Wolter Strijker foi o filho dele, Hendrik Fritz Strijker. Ele recebeu das mãos do Diretor-presidente da fundação, Peter Greidanus e do representante da Agroceres, Jonathan Luiz Adacheski.

“É muito gratificante por todo o esforço e trabalho feito na fazenda, inclusive na lavoura. É agradecer também a participação da minha família, do meu pai que conquistou este prêmio e de meus irmãos que também ajudaram. Isso é muito gratificante para todos nós, que sempre buscamos entregar um produto de qualidade, certificado por prêmios como este aqui. Não teríamos ganhado, não teríamos estes patamares de produtividade na região se não tivesse toda a informação segura que a Fundação ABC nos entrega”, disse Hendrik ao final da premiação.

Como responsável pela condução da lavoura, ele também foi premiado. Ficou com o troféus de técnico lavoura. Já Lucas Beninca, recebeu o troféu de técnico pecuária. Completando o pódio, Haroldo Luís Rodrigues Filho, de Piraí do Sul-PR, ficou em segundo lugar. Na terceira posição, Reginaldo Menezes Garcia, de Castro-PR. A tabela completa você confere no final desta reportagem.

Pesquisa mostra a imagem e a satisfação que a Fundação ABC tem junto aos produtores, assistentes técnicos e parceiras

A Fundação ABC encomendou uma pesquisa de imagem, posicionamento e satisfação para o Grupo DataCenso, empresa especialista em pesquisas com 29 anos de experiência e que atende a Ocepar e algumas cooperativas ligadas a ela. Os questionários foram aplicados durante o primeiro semestre deste ano, em períodos diferentes. Participaram 496 produtores, 160 assistentes técnicos e 22 representantes de empresas parceiras da fundação.

 

 

 

 

 

 

 

Principais desafios no manejo de pragas na cultura do milho

A área agrícola do grupo ABC já ultrapassou 600 mil hectares de área física. Entre os principais cultivos, o milho tem grande destaque com cerca de 200 mil hectares de área plantada, metade dessa área representada pelo milho safra e a outra pelo milho segunda safra.

Grande parte do milho safra é cultivado nos estados do Paraná e São Paulo, com a janela de semeadura entre o final do mês de agosto e o início do mês de outubro, tanto para produção de grãos como para produção de silagem. Para esse último propósito a área de cultivo tem aumentado devido à grande produção de leite na região.

Nesse contexto, o milho é uma cultura de alto investimento com elevado potencial produtivo na região, no entanto, alguns fatores podem limitar este potencial, sendo fundamental um bom planejamento desde a escolha do genótipo, época de semeadura, manejo nutricional e o acompanhamento da previsão climática, importante ferramenta para traçar essas estratégias de manejo e assim mitigar os fatores limitantes da produtividade como a ocorrência de pragas.

Na última previsão climática publicada em 21 de junho de 2024 pelo setor de Agrometeorologia da Fundação ABC (disponível no abc book), os modelos indicam que os meses de julho, agosto e setembro de 2024 terão o retorno da condição de neutralidade climática, com chuvas abaixo da média histórica e temperatura média do ar ligeiramente acima do padrão climatológico.

Esta condição pode favorecer a ocorrência de pragas com alto potencial de danos a cultura do milho como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), o percevejo barriga-verde (Diceraeus melacanthus) e a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis).

Para evitar os potenciais danos dessas pragas é importante adotar algumas estratégias de manejo:

Lagarta-do-cartucho: a lagarta pode ocasionar injúrias desde a emergência da cultura, cortando plântulas recém-emergidas e reduzindo a população de plantas, raspando folhas e danificando os cartuchos das plantas e tardiamente também podem atacar a espiga na sua inserção junto a planta ou diretamente no grão.

Para o manejo adequado da lagarta-do-cartucho em milho destacamos a necessidade da dessecação antecipada da cultura antecessora, o tratamento de sementes com inseticidas do grupo químico das diamidas e a pulverização foliar de inseticidas conforme os níveis de ação sugeridos para os diferentes eventos Bt.

Percevejo barriga-verde: Apesar de sua maior ocorrência no milho da segunda safra (após o cultivo de feijão ou soja), os plantios de milho na primavera quando seguidos de invernos amenos, tem apresentado populações que podem causar danos significativos na cultura, especialmente nos seus estádios iniciais de desenvolvimento. O percevejo é um inseto sugador que ocasiona distúrbios fisiológicos nas plantas de milho, suas injúrias podem acarretar perdas de produtividade superiores a 30%.

Importante considerar que o percevejo barriga-verde está presente no sistema de produção, ou seja, o seu controle não deve ser realizado apenas na cultura do milho, mas a partir do manejo outonal de plantas daninhas (potenciais hospedeiras do inseto) e na dessecação antecipada das culturas de cobertura no inverno.

Além dessas práticas, é imprescindível a utilização do tratamento de sementes com inseticidas do grupo químico dos neonicotinóides como clotianidina, imidacloprido ou tiametoxam, aliado às amostragens na pré-semeadura do milho para determinar a população da praga, e em condições de média e alta infestação (acima de 1 percevejo/m²) recomenda-se a pulverização foliar de inseticidas logo após a emergência. Lembrando que o controle desse inseto, através da pulverização foliar de inseticidas, deve ser realizado entre os estádios VE a V3, período de maior suscetibilidade das plantas ao ataque do percevejo barriga-verde.

Cigarrinha-do-milho: Nos últimos anos a cigarrinha, Dalbulus maidis, se tornou uma das principais preocupações dos agricultores e pecuaristas que cultivam milho. Por se tratar de um inseto-vetor de patógenos como o enfezamento pálido (espiroplasma), enfezamento vermelho (fitoplasma) e o vírus da risca, dependendo da época de infecção e suscetibilidade do genótipo podem ocasionar perdas de até 100%, além dos danos diretos pela sucção da seiva.

O sistema atual de cultivo do milho em duas safras (safra e 2ª safra) permite que haja uma ponte verde da cultura, além disso, a presença de plantas voluntárias (milho tiguera) é fator determinante para a permanência dos patógenos e do vetor durante todo o ano. No Brasil, o milho é o único hospedeiro conhecido da cigarrinha D. maidis, permitindo que o inseto se abrigue, alimente e reproduza, completando assim seu ciclo biológico.

O manejo do complexo de molicutes e vírus requer ações preventivas para redução das fontes de inóculo e para redução dos níveis populacionais da cigarrinha, ações estas que devem ser adotadas por todos os produtores de milho na região:

A utilização de inseticidas, quando realizada de forma adequada, levando em consideração a presença da praga e a reação dos genótipos de milho aos enfezamentos, é opção imprescindível no manejo da cigarrinha-do-milho. Vale ressaltar que as pulverizações devem ser realizadas desde o início do desenvolvimento da cultura até o estádio de 8 folhas (V8), período de maior suscetibilidade da cultura aos patógenos transmitidos pela cigarrinha, o número de pulverizações e o intervalo entre elas vai depender da tolerância dos genótipos de milho aos enfezamentos.

Mancha em rede em cevada, o desafio de controle com os fungicidas disponíveis no mercado

A Mancha em Rede é um desafio na cultura da Cevada, causada pelo ascomiceto Pyrenophora teres (anamorfo: Drechslera teres), ocasiona prejuízos em diversos países, podendo infectar folhas, caules e grãos de cevada gerando perdas de rendimento e qualidade, especialmente na cevada destinada à maltagem.

Por se tratar de um patógeno necrotrófico, o inóculo inicial da doença é uma herança da safra anterior, devido sua sobrevivência em resíduos culturais por meio dos pseudotécios (estrutura de resistência), além disso, podem sobreviver em sementes e resíduos de palha no campo, representando a fonte primária de inoculação, sendo importantes meios de dispersão do fungo.

Sob condições ambientais favoráveis como temperaturas amenas e molhamento foliar ocorre o início do processo de infecção por meio da germinação dos conídios ou ascósporos (esporos do fungo) presente na superfície da folha. Esse processo e posterior desenvolvimento do fungo pode ocorrer ainda em estádios iniciais da cultura, principalmente tratando-se de cultivares suscetíveis (Figura 2). De 3 a 5 dias após a infecção do patógeno podem ser observados os sintomas de clorose e necrose de característica marrom e reticulado (Figura 1). Desse modo, devido a redução da área fotossintética da planta, há uma redução nos parâmetros quantitativos e qualitativos dos grãos da cultura.

O setor de Fitopatologia da Fundação ABC, conduziu experimentos com o objetivo de mensurar a eficácia dos fungicidas disponíveis no mercado para o controle de mancha em rede em cevada durante as últimas cinco safras, 2019 a 2023. Notou-se diversidade de condições ambientais, resultando em variação expressiva da pressão da Mancha em Rede na região de Castro, Paraná.

Em um cenário no qual contamos com cultivares suscetíveis a doença, patógeno de caráter necrotrófico (presente no sistema de produção) e condição ambiental favorável, o controle químico assume relevância. Dessa maneira, analisou-se cinco grupos químicos, carboxamidas, dicarboxamidas, triazóis, triazolintiona e multissítios, a fim de compreender a eficácia diante do ambiente em exposição.

Para mensurar o acúmulo de doença ao longo do tempo, fez-se o uso da área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), a qual é adimensional e indica que quanto menor o valor, menor a quantidade de doença num dado intervalo de tempo. A AACPD de cada safra foi disposta na Figura 3, a qual indica menores progressos de mancha em rede nas safras 2019 e 2020, cujo valor foi de 811 e 472, respectivamente.

Em 2021 e 2023, os valores equivaleram a 1086 e 1072, nesta ordem e o destaque deu-se para a safra 2022, cujo maior progresso da doença refletiu em AACPD na ordem de 1646, corroborando com condições ambientais presente nestas safras, evidenciando elevado número de dias com precipitação e temperatura do ar favorecendo o desenvolvimento da mancha na cevada.

Após a incidência das primeiras lesões de mancha na lavoura fica a cargo dos fungicidas entrarem em ação para a manutenção da área foliar da cultura. Neste sentido quando analisamos a eficácia dos diferentes grupos químicos, os fungicidas a base de triazolintiona (protioconazol) apresentaram as melhores respostas em controle da doença, com uma média de 93% durante as cinco safras em questão, conforme Figura 4.

A depender da pressão da doença, menores severidades resultam em maiores percentuais de controle, como foram constatados com os fungicidas que possuem carboxamidas (fluxapiroxade, pidiflumetofen ou benzovindiflupir) na formulação, apresentando controle médio de 78%, seguido por dicarboxamida (iprodiona), com um desempenho consistente no decorrer das safras estudadas, com controle na ordem de 77%. Compreendendo estes grupos químicos duas opções importantes para compor o manejo durante o ciclo da cultura.

Dentre os produtos à base de Triazóis, demonstraram maiores dispersões nos dados e o controle médio equivaleu a 58%. Dentre essa variação de controle, fungicidas que possuem ingrediente ativo isolado em sua formulação apresentaram menores respostas em controle. Por sua vez, fungicidas com formulações duplas e triplas de estrobilurinas em associação ao triazol apresentaram um acréscimo em controle da doença.

Os menores valores de eficiência foram observados com os fungicidas multissítios (Mancozeb e Clorotalonil) aplicado de forma isolada, estes atingiram controle médio igual a 53%.

Dentre os três ingredientes ativos caracterizados como complementos para compor as misturas com os fungicidas sítio específicos para o controle mancha em rede, a Iprodiona seria a principal estratégia nos casos da aplicação curativa. No cenário de aplicação preventiva o Mancozeb ou Clorotalonil podem ser associados em misturas com as Carboxamida e Triazóis.

Os diferentes grupos químicos de fungicidas apresentaram controle de Mancha em Rede em cevada entre 12 a 95%, evidenciando a variabilidade em eficácia a depender do fungicida aplicado.