Mancha em rede em cevada, o desafio de controle com os fungicidas disponíveis no mercado

26/08/2024 - Atualizado há 3 semanas


A Mancha em Rede é um desafio na cultura da Cevada, causada pelo ascomiceto Pyrenophora teres (anamorfo: Drechslera teres), ocasiona prejuízos em diversos países, podendo infectar folhas, caules e grãos de cevada gerando perdas de rendimento e qualidade, especialmente na cevada destinada à maltagem.

Por se tratar de um patógeno necrotrófico, o inóculo inicial da doença é uma herança da safra anterior, devido sua sobrevivência em resíduos culturais por meio dos pseudotécios (estrutura de resistência), além disso, podem sobreviver em sementes e resíduos de palha no campo, representando a fonte primária de inoculação, sendo importantes meios de dispersão do fungo.

Sob condições ambientais favoráveis como temperaturas amenas e molhamento foliar ocorre o início do processo de infecção por meio da germinação dos conídios ou ascósporos (esporos do fungo) presente na superfície da folha. Esse processo e posterior desenvolvimento do fungo pode ocorrer ainda em estádios iniciais da cultura, principalmente tratando-se de cultivares suscetíveis (Figura 2). De 3 a 5 dias após a infecção do patógeno podem ser observados os sintomas de clorose e necrose de característica marrom e reticulado (Figura 1). Desse modo, devido a redução da área fotossintética da planta, há uma redução nos parâmetros quantitativos e qualitativos dos grãos da cultura.

O setor de Fitopatologia da Fundação ABC, conduziu experimentos com o objetivo de mensurar a eficácia dos fungicidas disponíveis no mercado para o controle de mancha em rede em cevada durante as últimas cinco safras, 2019 a 2023. Notou-se diversidade de condições ambientais, resultando em variação expressiva da pressão da Mancha em Rede na região de Castro, Paraná.

Em um cenário no qual contamos com cultivares suscetíveis a doença, patógeno de caráter necrotrófico (presente no sistema de produção) e condição ambiental favorável, o controle químico assume relevância. Dessa maneira, analisou-se cinco grupos químicos, carboxamidas, dicarboxamidas, triazóis, triazolintiona e multissítios, a fim de compreender a eficácia diante do ambiente em exposição.

Para mensurar o acúmulo de doença ao longo do tempo, fez-se o uso da área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), a qual é adimensional e indica que quanto menor o valor, menor a quantidade de doença num dado intervalo de tempo. A AACPD de cada safra foi disposta na Figura 3, a qual indica menores progressos de mancha em rede nas safras 2019 e 2020, cujo valor foi de 811 e 472, respectivamente.

Em 2021 e 2023, os valores equivaleram a 1086 e 1072, nesta ordem e o destaque deu-se para a safra 2022, cujo maior progresso da doença refletiu em AACPD na ordem de 1646, corroborando com condições ambientais presente nestas safras, evidenciando elevado número de dias com precipitação e temperatura do ar favorecendo o desenvolvimento da mancha na cevada.

Após a incidência das primeiras lesões de mancha na lavoura fica a cargo dos fungicidas entrarem em ação para a manutenção da área foliar da cultura. Neste sentido quando analisamos a eficácia dos diferentes grupos químicos, os fungicidas a base de triazolintiona (protioconazol) apresentaram as melhores respostas em controle da doença, com uma média de 93% durante as cinco safras em questão, conforme Figura 4.

A depender da pressão da doença, menores severidades resultam em maiores percentuais de controle, como foram constatados com os fungicidas que possuem carboxamidas (fluxapiroxade, pidiflumetofen ou benzovindiflupir) na formulação, apresentando controle médio de 78%, seguido por dicarboxamida (iprodiona), com um desempenho consistente no decorrer das safras estudadas, com controle na ordem de 77%. Compreendendo estes grupos químicos duas opções importantes para compor o manejo durante o ciclo da cultura.

Dentre os produtos à base de Triazóis, demonstraram maiores dispersões nos dados e o controle médio equivaleu a 58%. Dentre essa variação de controle, fungicidas que possuem ingrediente ativo isolado em sua formulação apresentaram menores respostas em controle. Por sua vez, fungicidas com formulações duplas e triplas de estrobilurinas em associação ao triazol apresentaram um acréscimo em controle da doença.

Os menores valores de eficiência foram observados com os fungicidas multissítios (Mancozeb e Clorotalonil) aplicado de forma isolada, estes atingiram controle médio igual a 53%.

Dentre os três ingredientes ativos caracterizados como complementos para compor as misturas com os fungicidas sítio específicos para o controle mancha em rede, a Iprodiona seria a principal estratégia nos casos da aplicação curativa. No cenário de aplicação preventiva o Mancozeb ou Clorotalonil podem ser associados em misturas com as Carboxamida e Triazóis.

Os diferentes grupos químicos de fungicidas apresentaram controle de Mancha em Rede em cevada entre 12 a 95%, evidenciando a variabilidade em eficácia a depender do fungicida aplicado.

 

 

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