CDE Formosa é inaugurado com Dia de Campo

Na presença de produtores, funcionários, assistentes técnicos e a própria equipe da fundação, o CDE Formosa foi oficialmente inaugurado, na manhã do dia 29 de fevereiro. O ato foi realizado através do primeiro Dia de Campo realizado no local, com apresentações dos ensaios de competição de genótipos de soja, de híbridos de milho, de plantas de cobertura e sistemas de produção. Também houve uma apresentação dos resultados obtidos com o projeto abcSmart Farming, que ganhou novo formato a partir deste ano, inclusive com a possibilidade de ter uma área também em Goiás.

Evolução do número de projetos de pesquisa em Goiás. Atualmente, 60% dos projetos são realizados no campo experimental e outros 40%, em área de produtores

O CDE Formosa fica nas margens da BR-020 (Rodovia Juscelino Kubitschek), há 20 km da cidade de Formosa – GO, em direção ao nordeste brasileiro. A área tem 30 hectares, 17 a mais que o antigo CDE DF. Este aumento de área permitiu para que a região conte com mais trabalhos de pesquisa. Segundo Felipe Mainardes, supervisor dos Campos Experimentais na fundação, estão previstos para a safra Verão 23/24 e segunda safra, a instalação de 63 ensaios, sendo 60% no campo e os outros 40%, em áreas de produtores contribuintes. “Também trouxemos mais equipamentos. Entre eles, um pulverizador, uma plantadeira, uma colhedora de parcelas e um trator equipado com GPS”, complementou. Atualmente, o campo emprega 10 pessoas.

Funcionários do COE conhecendo os maquinários novos para o trabalho no campo

Para João Cornélia Henrique Michels, produtor que acompanhou a chegada da Fundação ABC na região do cerrado desde o início, o novo campo experimental veio para contribuir positivamente no trabalho que está sendo realizado no Goiás. “De um modo geral vejo ganhos substanciais com a nova localização do campo, inclusive com a chegada de máquinas mais tecnificadas. Estou certo de que isso vai melhorar a operação dos trabalhos de pesquisa e trará resultados mais assertivos”, avaliou.

Boleslau Wesgueber Junior, sócio-proprietário da KGL Agronegócio, empresa com a qual a fundação tem parceria naquela região, destacou o aumento de área para atender a demanda de pesquisa. “O grupo cresceu e, consequentemente, os desafios também. A instalação do novo CDE mostra que a fundação está acompanhando este desenvolvimento e isso é de extrema importância para a consolidação da parceria, mantendo a qualidade e imparcialidade que já podemos contar”, acrescentou.

No fechamento do Dia de Campo, o diretor-presidente da Fundação ABC, Peter Greidanus, fez um resumo da instituição aos presentes, contando um pouco da história que levou à criação, lembrando da implantação do Plantio Direto na região das cooperativas ABC, e do seu funcionamento, como é hoje. “Aproveito ainda para agradecer a presença de todos. Ficamos felizes de completar 40 anos inaugurando mais um campo, numa localização muito boa e representativa, como vocês me disseram. Que traga bons frutos para todos nós”, finalizou.

Além de Peter, Alexander Mittelstedt e Henrique Degraf, membros do Conselho Curador da instituição e Luís Henrique Penckowski, gerente geral, também estavam presentes.

Confira os vencedores do prêmio Personagem Soja Brasil 23/24

O desenvolvimento da soja no Brasil é um esforço conjunto de dedicação e inovação, onde produtores rurais e pesquisadores desempenham papéis cruciais. O intercâmbio entre pesquisa científica e prática agrícola é essencial para o progresso contínuo da principal commodity agrícola do país.

Para celebrar e reconhecer essas contribuições significativas, foi realizado o prêmio Personagem Soja Brasil. O evento, marcado tanto por celebrações quanto por um momento de solidariedade com as vítimas de tragédias recentes no Rio Grande do Sul, ocorreu em Brasília com transmissão ao vivo pela TV, site e redes sociais do Canal Rural.

O prêmio destacou indivíduos que dedicaram décadas ao avanço sustentável da soja através de uma votação popular e da seleção de uma Comissão Julgadora. Os vencedores deste ano foram:

  • Voto Popular:
    • Produtor: Rodrigo Tramontina – Bela Vista do Paraíso (PR)
    • Pesquisador: José de Barros França Neto – Embrapa Soja
  • Voto da Comissão Julgadora:
    • Produtor: Oli Fiorese – Água Fria de Goiás (GO)
    • Pesquisador: Anderson Bergamin – Universidade Federal de Rondônia (Unir)

Esse reconhecimento sublinha a importância da colaboração entre o campo e a ciência para fortalecer o agronegócio brasileiro, enfatizando também o espírito de comunidade e apoio mútuo em momentos de necessidade. Para mais informações sobre o prêmio, visite o Canal Rural.

 

 

 

Assembleia aprova contas de 2023

A Assembleia Geral Ordinária da Fundação ABC foi realizada no dia 21 de março, na sede da fundação, com a presença dos membros dos conselhos e delegados que representam as cooperativas mantenedoras (Frísia, Castrolanda e Capal). 

O diretor-Presidente, Peter Greidanus, conduziu a sessão, acompanhado do 1º Diretor Técnico, Emiliano Carneiro Klüppel.  A AGO foi iniciada com a apresentação das atividades realizadas pela instituição no ano passado, por Luís Henrique Penckowski, que é gerente Geral. Em aproximadamente 30 minutos, ele passou aos presentes as principais atividades realizadas, resultados e prestou contas de projetos que a fundação tem em parceria com as cooperativas. 

O desempenho contábil de 2023, devidamente averiguado por uma auditoria independente e pelo Conselho Fiscal, foi aprovado por unanimidade. Esta apresentação foi realizada pela gerente administrativa, Sandra Mehret Rebonato. 

 

Novos membros

Ainda houve a votação da nova formação do Conselho Fiscal, para o período de março de 2024 a março de 2025. Foi apresentada uma chapa única, composta por  Luiz Henrique de Geus, Paulo Eduardo Piotrowski e Henri Martinus Kool como membros efetivos e Marco Salomons, Marco Antonio Subtil Macedo e Pablo Borg, como suplentes. A chapa foi aprovada por unanimidade:

Na palavra livre, Willem Berend Bouwman, diretor Presidente da Castrolanda falou em nome das cooperativas mantenedoras. Disse que percebe a Fundação ABC na vanguarda, como provedora na geração de informações e tecnologias, trazendo um diferencial não só para os produtores do Grupo ABC, mas também para produção agropecuária brasileira. “A instituição exerce um papel fundamental, mas também de uma responsabilidade muito grande e por isso precisa de uma equipe atenta ao direcionamento do mercado, às tendências e percebemos que vocês estão ligados quanto a isso. Desta forma, parabenizamos a todos e a diretoria pelo belo trabalho realizado em 2023. Muito sucesso em 2024. Que possamos continuar sendo esta empresa sólida, neutra e que busque soluções técnicas e de sustentabilidade para a nossa produção”, concluiu solicitando uma salva de palmas ao time da Fundação ABC.

 

El Niño: O que entendemos e o que esperar para 2024

O episódio atual do fenômeno El Nino, que iniciou em junho de 2023 apresenta sinais de enfraquecimento neste primeiro trimestre de 2024, comprovado pelo resfriamento das águas em sub superfície e intensificação dos ventos alísios na região tropical do Oceano Pacífico. Em função da sua rápida evolução e intensificação, muita expectativa foi gerada ao redor do globo,
dada a similaridade e impactos negativos causados pelos eventos de 1997 /98 e2015/16. Contudo, apesar da intensa busca dos cientistas por sinais oceanoatmosféricos que possam ser traduzidos
em padrões climáticos ao redor do globo terrestre, nenhum evento é igual aos anteriores, principalmente quando pensamos nos reflexos que esta imensa movimentação de energia causa nas
múltiplas interações com cada tipo climático regional.

Desta forma, estudar a formação, evolução e os impactos causados por estes episódios de forte intensidade em diferentes escalas de tempo e espaço pode ser considerado essencial tanto para a
melhoria no desempenho dos modelos de previsão climática (dinâmicos e estatísticos), quanto para melhor mitigar seus impactos em setores como a agricultura, pecuária, floresta e produção
de energia. Por fim, destacamos ainda nesta matéria a manutenção da tendência de resfriamento do Pacifico Equatorial, com possível confirmação de um novo episódio de La Nina durante a safra de inverno 2024!

Episódio clássico de um evento de El Niño: em intervalos irregulares, entre dois ou sete anos, observa-se um aumento significativo da temperatura da superfície do Oceano Pacífico Equatorial Central (região do Nino 3.4) e Oriental (regiões dos Nino 3 e 1 +2), de pelo menos 0,5ºC em relação à média histórica. Tal condição oceânica desencadeia mudanças nos padrões de pressão atmosférica e circulação dos ventos sobre a região do Pacifico, afetando consequentemente o posicionamento e a frequência dos sistemas meteorológicos que avançam pela América do
Sul.

Geralmente, a região Sul do Brasil tende a receber mais chuvas durante o El Niño, enquanto áreas do Norte e Nordeste podem enfrentar estiagens.
Em relação as temperaturas, normalmente observa-se o predomínio de valores acima do padrão climatológico em boa parte do território brasileiro, porém seus efeitos variam muito em
função da intensidade e duração de cada evento.

Caracterização do evento de El Niño 2023/2024: o conjunto de bóias oceânicas registrou a gradual e crescente elevação da temperatura na região do Niño 3.4 3.4 desde o inicio em junho de
2023. Após a tendência consecutiva de aquecimento da TSM nos 4 meses seguintes, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos alterou a classificação do episódio atual de El Nino para “intensidade forte”, quando o registro da anomalia positiva em novembro alcançou 1,9ºC acima da média histórica na região mais central do Pacífico Equatorial, conhecida como Nino 3.4. Em dezembro de 2023, quando é normalmente esperado o ápice de um episódio de El Nino, a anomalia da TSM média atingiu 2,0ºC, causando muita apreensão de alguns setores da economia brasileira, em especial a agropecuária e produção de energia nas regiões mais ao norte do país.

Após o ápice observado do final de 2023, durante os dois primeiros meses de 2024 foi registrado um gradual resfriamento das águas superficiais do Pacifico, especialmente na porção mais
a leste, junto a costa oeste da América do Sul, onde os valores de temperatura da superfície do mar já começam apresentar desvios negativos em torno de -O, 1 ºC em relação à média histórica
(Figura 1), assim como em subsuperfície (Figura 2). Contudo, apesar do enfraquecimento na intensidade do fenômeno, em todas as regiões de monitoramento da temperatura do mar (Figura
1), a NOAA ainda mantém a classificação atual do El Nino como categoria moderado a forte.

 

 

Por outro lado, a análise de similaridade com os episódios de 1997 /98 e 2015/16, ambos categorizados como episódios “muito fortes” ainda permanecem válidas, principalmente quando
observamos: 1) a velocidade do aquecimento das águas na região do Nifio 3.4 a partir do mês de junho, 2) a anomalia negativa da chuva durante pelo menos  1 dos meses de verão na região das
Cooperativas ABC e 3) transição de um evento muito forte de El Nifio para um episódio de La Nifia, logo após um curto período com Neutralidade (apenas 3 meses de transição).

Tendências observadas na região das Cooperativas ABC, em episódios de El Nifto de Forte Intensidade:

Com a previsão do El Nifio a partir de junho de 2023, os reflexos esperados em relação ao regime pluviométrico e temperaturas tanto na região Sul, quanto no Norte do país se tornam bem previsíveis. Contudo, especialmente na região dos Campos Gerais e Norte Pioneiro do Paraná, assim como Sul do São Paulo, os episódios de El Nino de intensidade forte ou muito forte frequentemente foram representados por anomalias negativas ( chuva abaixo da média histórica) em pelo menos 1 dos meses da estação de verão (Figura 3). Porém neste episódio, pelo menos 2 meses foram observadas anomalias negativas (dezembro e janeiro). Na mesma figura,nota-se o predomínio das anomalias positivas (acima da média histórica) da temperatura máxima no Paraná e São Paulo, além do Tocantins (Figura 5) fato este também observado em episódios fortes ou muito fortes. A exceção entre o esperado para eventos de El Nifio com forte ou muito forte intensidade foi a região de Goiás, onde observou-se precipitações acima da média nos meses de janeiro e fevereiro de 2024, associados a temperatura máxima abaixo da média histórica (Figura 4). Esta “falta de padrão” entre episódios do ENOS versus o regime de chuvas ou temperatura em Goiás pode ser justificada pelo efeito da continentalidade (menor ao sul e norte do país), associada a influência de outros fenômenos em menor escala espacial e temporal.

 

 

O que podemos esperar para o Outono e Inverno de 2024?

A expectativa para os próximos meses por parte da maioria dos modelos de previsão climática é de que entre abril e junho/2024, a temperatura do Pacífico equatorial retorne para valores entre ±0,5ºC em relação à média histórica, ou seja, indicando o retorno da condição de NEUTRALIDADE climática (Figura 6). Posteriormente, as projeções indicam uma crescente probabilidade
de ocorrência do fenômeno La Nina durante o segundo semestre de 2024. De acordo com a mais recente atualização da NOAA, divulgada na semana do dia 25 de março de 2024, o La Nina pode se estabelecer durante a transição entre o inverno e a primavera, possivelmente impactando negativamente o início da estação chuvosa em 2024 no sul do Brasil. Tendo em vista que os modelos estão projetando um cenário menos chuvoso para o trimestre de julho-agosto-setembro/2024 na região do Grupo ABC (Figura 7).

O que aconteceu com a produtividade do trigo, em safras sob atuação da Neutralidade ou La Niña?

Diante da crescente probabilidade de transição do El Nino para Neutralidade associado ao provável retomo da La Nina em 2024, nós evidenciamos a análise publicada na edição de abril de 2019 na Revista ABC e convidamos o leitor para uma releitura dos resultados da rentabilidade média do trigo obtida na região de atuação das Cooperativas ABC, durante 24 safras de inverno sob  influência do El Nino, La Nina e Neutralidade (Tabela 1). Em resumo, os resultados demonstram que não houve safras excelentes quanto a produtividade de trigo em episódios de El Nino. Ao contrário, 25% das safras com produtividades ruins (mais de 1 desvio padrão abaixo da média) estiveram associadas ao El Nino, provavelmente em função das chuvas acima da média e seus efeitos sobre a perda do controle fitossanitário, atraso na colheita e piora dos atributos de qualidade (número queda, rnicotoxinas, PH). Por outro lado, durante as safras de inverno sob influência do La Nina observou-se 0% de casos de produtividades classificadas como ruins neste período de 24 anos. Já a produtividade foi categorizada em 57% dos casos, e o melhor: 28% das safras de inverno  apresentaram produtividade entre boa e excelente, provavelmente em função da redução das chuvas e da umidade relativa do ar (menos doenças de folha e espigas), menores temperaturas  aumento do ciclo, menor incidência de pragas) associado ao aumento da radiação solar (maior qualidade).